Cobertura Jornalística do Colóquio Intercâmbio Cultural: diálogos Brasil – Portugal

02-12-2012 17:18

 

A segunda parte do “Colóquio Intercâmbio Cultural: diálogos Brasil – Portugal” organizado pela Globo Universidade, no passado dia 30 de Novembro, contou com a presença de ilustres convidados na área da produção televisiva, tais como Maurício Kubrusly, jornalista da rede Globo, Lima Duarte, actor, e Maria Adelaide, dramaturga, bem como de duas investigadoras de renome na área dos estudos culturais e televisivos, a Dra. Catarina Burnay, docente da Faculdade de Ciências Humanas e coordenadora do curso de Comunicação Social da Universidade Católica Portuguesa, e Maria Vassalo de Lopes, docente da Universidade de São Paulo.

O primeiro interveniente foi Lima Duarte, actor brasileiro extremamente famoso e reconhecido internacionalmente pelos seus papéis em telenovelas, principalmente como Zeca Diabo em “O Bem Amado” e Sinhozinho Malta em “Roque Santeiro”, que decidiu falar em três autores que evidenciam os diálogos culturais entre Portugal e o Brasil. Começou por referir o papel que desempenhou no filme “Palavra e Utopia” de Manoel de Oliveira que trata da vida do Pe. António Vieira e da sua virtuosidade com a palavra. Lima Duarte acredita que a língua é um dos principais factores de unificação entre Portugal e o Brasil, e estabelece uma comparação entre Vieira e Guimarães Rosa, um escritor brasileiro famoso pela sua obra Grande Sertão Veredas, um marco na literatura brasileira e lusófona. Se o Pe. António Vieira ama a poesia que há no barroco, diz Lima, Guimarães Rosa, ama o barroco que há na poesia. O actor prossegue então, fechando a tríade de escritores com Jorge Amado.

Maria Adelaide, uma dramaturga portuguesa radicada no Brasil divide-se entre Portugal, o local da sua infância, e o Brasil, o local da sua maturação artística e pessoal. Confessa-se uma apaixonada pela literatura portuguesa, principalmente pelos trabalhos de Eça de Queirós, tendo até adaptado Os Maias para um argumento televisivo a partir do qual se filmou uma mini-série. Adelaide, numa forma algo introspectiva afirma que é o resultado das adversidades que passou nos dois países. Termina a sua apresentação com uma crítica à recepção que os portugueses fazem ao povo brasileiro.

Seguiu-se a apresentação da Dra. Catarina Burnay, docente da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa, que foi extremamente elucidativa e que traçou um panorama geral do estudo da telenovela e da televisão em Portugal. Burnay selecionou vários momentos chave que moldaram os hábitos, rotinas e comportamentos dos portugueses, sendo o primeiro, em 1977 com a telenovela “Gabriela”. Nos anos 90 a televisão, que até aí tinha sido um monopólio público, passou a ter iniciativa privada e pouco depois seguiram-se as primeiras guerras de audiências. Actualmente, tem vindo a verificar-se uma diversificação de formatos e de temáticas, bem como o surgimento de remakes customizados e desenvolvidos a partir de um formato brasileiro, como por exemplo, a telenovela “Dancing Days”. Em relação ao futuro, prevê-se um possível aumento no reconhecimento nacional e internacional apesar dos constrangimentos financeiros.

Maria Vassalo de Lopes, docente da Universidade de São Paulo, apresentou o livro da OBITEL, cujo tema é a internacionalização da ficção. Lopes argumenta que o império da comunicação, bem como os principais modelos televisivos, pertencem aos Estados Unidos da América, existindo assim uma viagem comunicativa assimétrica. Contudo, há que descentralizar a ideia de que só existe um padrão para o mundo inteiro. A docente afirma que há mercados do audiovisual em franca expansão, nomeadamente o Chile, Portugal e a Argentina.